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O Instituto Trata Brasil e o CEPAS|USP lançam novo estudo sobre as águas subterrâneas

Instituto Trata Brasil, juntamente com o Centro de Pesquisas de Águas Subterrâneas (CEPAS|USP), e com o apoio do Instituto de Geociências da USP, a Academia de Ciências do Estado de São Paulo, o Instituto de Estudos Avançados – USP Cidades Globais e a Associação Brasileira de Águas Subterrâneas lançam o relatório A revolução silenciosa das águas subterrâneas no Brasil.

O texto traz novos dados e um olhar bastante crítico sobre a situação das águas subterrâneas no país, sua importância econômica e ecológica, bem como advoga o seu uso no enfrentamento dos problemas associados às estiagens provocadas pelas Mudanças Climáticas Globais.

O documento também alerta sobre como a falta de rede de esgoto em cidades e o vazamento destas por falta de manutenção ou antiguidade são causadoras dos maiores casos de contaminação de aquíferos no país; colocando em risco os usuários desse recurso. Este problema é agravado pelo fato de que a grande maioria dos poços artesianos no país são irregulares ou seja não tem permissão para a extração e operação.

Os principais resultados desse estudo:

O Brasil extrai anualmente mais de 17.580 Mm3 (557 m3/s) de água subterrânea por meio de 2,5 milhões de poços tubulares, popularmente chamados de artesianos. Essa vazão, se dirigida toda ao abastecimento doméstico, é capaz de abastecer toda a população brasileira ou cerca de 217 milhões de pessoas.

O valor econômico dessa extração corresponderia aproximadamente a R$ 59 bilhões/ano, tendo como base a cobrança praticada pelos operadores do serviço de abastecimento de água potável.

Essas águas têm um papel fundamental para o abastecimento público pois 52% dos 5.570 municípios brasileiros dependem total (36%) ou parcialmente (16%) delas para garantir o suprimento hídrico dos seus habitantes. Essa dependência é mais marcante nos pequenos municípios, pois abastecem de forma exclusiva 48% dos municípios com população menor que 10 mil habitantes e 30% daqueles com 10 a 50 mil habitantes. Essas águas também são a principal fonte alternativa para a maioria dos 35 milhões de brasileiros que não possuem água encanada.

Além disso, cidades dependentes do recurso subterrâneo são mais resilientes à estiagem e têm mais condições de enfrentarem os desafios impostos pelas mudanças climáticas globais. No Brasil registrou-se que 1.518 municípios abastecidos por água superficial no país passaram por crise hídrica nos últimos 10 anos, contra 840 abastecidos por água subterrânea.

O total de poços tubulares existentes representa um sistema de abastecimento com um valor de R$ 75 bilhões, incluindo gastos de perfuração e equipamentos. Esse valor é equivalente a 6,5 anos de todos os investimentos anuais aplicados em saneamento no país em 2016.

Infelizmente, a exploração das águas subterrâneas se dá majoritariamente de forma clandestina, apenas 12% dos poços são conhecidos pelo poder público, sendo que a maioria deles opera sem outorga de direito de recursos hídricos.

Além da falta de controle no uso do recurso, o risco de contaminação é outro desafio a ser enfrentado. No caso do saneamento, estima-se que a cada ano sejam despejados 4.329 Mm3 de esgoto na natureza pela falta de redes coletoras e/ou vazamentos nas redes já existentes, volume suficiente para encher 5 mil piscinas olímpicas por dia. Trata-se de um dos maiores casos de contaminação de aquíferos no Brasil. A existência de rede coletora de esgoto não é garantia de preservação da qualidade da água de aquíferos. O vazamento de redes mal projetadas ou antigas, estimado em 582 Mm3/ano (10% do efluente coletado), tem sido suficiente para contaminar aquíferos em quase todas as cidades brasileiras.

Incentivar a promoção do conhecimento e a gestão das águas subterrâneas é fundamental para garantir a conservação e uso consciente desse recurso, que embora invisível aos olhos tem um papel prioritário para a segurança hídrica e desenvolvimento econômico do país.

Autores do Estudo

  • Ricardo Hirata (CEPAS|USP)
  • Alexandra Suhogusoff (CEPAS|USP)
  • Silvana Susko Marcellini (CEPAS|USP e Consultora)
  • Pilar Carolina Villar (CEPAS|USP e UNIFESP)  
  • Laura Marcellini (Consultora)

Para o estudo completo acesse: http://tratabrasil.org.br/estudos/estudos-itb/itb/aguas-subterraneas-e-saneamento-basico?utm_source=site&utm_medium=newsletter&utm_campaign=socialmedia&utm_content=novoestudo-fevereiro

Boa leitura

CEPAS|USP

Centro de Pesquisas de Águas Subterrâneas

Instituto de Geociências – Universidade de São Paulo

Tel: 11 3091.4146 – E-mail: cepas@usp.br